quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Casa de jornal


Fiz uma casa de jornal
E fui morar...
Eu tinha um neném
Seu choro tinha som de morte
Fiz esta casa para fugir da solidão
Fechei o cadeado
E meu neném cessou o choro
Por todos os vinte anos seguintes não o ouvi
Achava que havia morrido
Mas como saber o que está morto ou vivo?
A relação é tão próxima
E nunca aprendi a definir vida e morte
Passei vinte anos escrevendo
Se fazia sol escrevia a chuva
Se chovia, enaltecia o sol
E se a noite,
Então surgia
Contemplava a claridade
Meu neném e eu adorávamos ver todos os dias
Os ângulos da vida
Todos os parâmetros da morte
Apesar de não distinguir muito bem essas passagens
Não conhecia meu pais
Não possuía irmãos,
Nem família,
Nem emprego
Só existia meu neném e eu
Eu me alimentava de poesia
Ouvi tiros
Falar de guerras
Drogas e violência
Mas esses sons eram tão distantes
Minha casa de jornal nos protegia
Possuía um campo prrotetor
Meu neném
Não chorava
Sorria ou se movia
Era um neném de pano
Minha casa era feita de jornal.

Autora: Juliana Pacheco

Morte


Resolvi cessar e esperar a morte
Ela estava chegando...
Vi meu corpo tomado por ela
Estava morrendo!
Senti meus membros, meus nervos
Meu ser
Gelar-se numa solidão profunda
E meus lábios pediam que os seus os tocassem
Em um beijo de despedida
Mas diante do desprezo
Morri!
E hoje vago pelo vale das sombras
Esperando na eternidade o beijo
Que eu não pude provar.
Autora: Juliana Pacheco

Mundo Novo




Quero ouvir o canto ardoroso
O canto harmonioso
Do início da construção
Quero encontrar felicidade
No amor que descobri
Na nova vida a construir
No gozo de viver
Quero dançar ao som da nova música
Que o compositor criador compôs
Melodias do sentimento
Sinfonias do subconsciente
Quero rir
Amar
Ser feliz
Quero ser esperança

Escrito em 16/06/03

Meu amigo Freud



Na outra semana sonhei com Freud
Ele ajudou-me a achar respostas
Mas hoje Freud resolveu
Fazer perguntas para as quais
Não tenho respostas
Como esse tal Freud,
Pode fazer tanto mal assim?
Não sei as respostas
Onde as conseguir?
Disseram que ele é o pai da pscinálise
Mas da minha mente esse cara não entende, não!
Pensa desvendar meus mistérios
Mas sou eu que o martirizo
Com meus temores abissais
E com minha incapacidade
Diante de suas interrogações
Sera Freud?
Freud mesmo ou não
Só sei que sou poetisa do nada
Que Freud num sonho realidade
Me contou.

NASCENTE


A POESIA BROTA NO CAMPO DAS IDÉIAS

COMO UMA MISTURA DO MEU EU

E DA MINHA RACIONALIDADE

ELA CHEGA DE MANSINHO

TÃO DEVAGAR...

QUE QUANDO PERCEBO JÁ FUI POSSUIDA PELA ESSÊNCIA

A POESIA VEM CHEGANDO COM UMA GINGA DE MALANDRO

QUE SÓ O BRASILEIRO TEM

CANTANDO SUAVE...

NUMA MISTURA DE SAMBA E

BOSSA DE TOM JOBIM

ELA REUNE VÁRIAS RAÇAS,

CRENÇAS,

UTOPIAS DO ARTISTA

ELA CHEGA ESPERTA E RISONHA

SE FAZ CIRCO E,

É O PALHAÇO DO ESPETÁCULO

É O BANDIDO DOS FILMES DE FAROESTE

É O REVÓLVER NA MÃO DO MARGINAL

A POESIA É ASSIM...

UM PASSAR DE DÉCADAS

UM CRONOMETRAR DE MOMENTOS

O SUSPIRAR DE ALGUÉM

POESIA É FOME

DE SACIAR A ALMA

QUE INQUIETA CLAMA ARTE


JULIANA PACHECO EM 17/11/03